terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A TRADICIONAL COBERTURA ANÔNIMA

DIEGO RAMON VALLE VITAL
O cenário de calamidade que se abateu sobre o estado de Santa Catarina em Novembro de 2008 ganhou espaço e, sob diferentes formas, povoou a mídia.

Nos espaços mais tradicionais (a citar o exemplo dos jornais e redes de televisão – ambos abarcando também o âmbito virtual através de seus diários online), a abordagem sóbria, por vezes surpresa, dando ares de assustada, foi aos poucos dando lugar a um tom catastrófico e superlativo. O desespero, a desgraça e a tragédia foram somados à realidade repetitiva e “inoriginal” advinda do mais direto exagero. Ainda que não deixassem os fatos de lado, os meios, de certa forma, optaram por adotar uma postura em muito semelhante à natureza chamativa do “showsacionalismo”. E assim, aquilo que de fato se poderia considerar importante em cada nova ocorrência acabou perdendo espaço.

Em trajetória adversa, porém não conflitante, seguiu a cobertura realizada pelos meios ditos “alternativos”. Blogs, páginas pessoais, websites de ilustres anônimos também firmaram pé na busca pela transmissão da correta informação. Muitos desses “anônimos”, inclusive, puderam, muito mais do que a simples análise da situação momentânea, fornecer dados reais, de viva parcialidade, frutos que só poderiam ser colhidos por aqueles que se encontrassem realmente no olho do furacão.

Diante do cenário de dificuldades que se apresentou a partir daquele Novembro, fenômeno mais do que visível foi a constante busca dos “tradicionais” pelas palavras livres e cruas – nuas, muitas vezes – daqueles “anônimos” que a tudo observavam bem de perto. Dessa forma, pôde-se perceber a explosão de entrevistas, comentários e reportagens criadas no melhor estilo web 2.0: com os usuários “construindo” os meios online, dando sua contribuição para, através da vivência real time da situação periclitante, adicionar um valor a mais na imagem dos meios.

Durante a cobertura da tragédia, informação e contribuição se tornaram dois termos que, mesmo não sinônimos, passaram a representar o mais transparente lado da verdade colaborativa.

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