segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Medo da Morte

“Tudo o que sei é que devo morrer em breve; mas o que mais ignoro é essa mesma morte, que não saberei evitar” (Blaise Pascal)

A morte não pode ser evitada. Mesmo que lutemos contra ela com todas as nossas forças, ela sempre estará ao nosso lado. É um fato. Ela é um processo natural de tudo aquilo que respira, e precisa ser aceita e respeitada. Por que temos tanto medo dela? Por que ela nos parece tão assustadora? Todas estas perguntas se escondem no interior das grandes cidades, e estas respostas se escondem em nossos corações.

Quem vive, precisa morrer. Queremos viver para sempre, de preferência em meio à fortuna e o prazer. É certo que o homem não nasceu para viver na miséria, mas todos sabem que tudo ficará para trás e que cedo ou tarde teremos de encarar a realidade. Nossos carros, nossas casas, nossos familiares, nossos amigos, nossas realizações, nossa segurança, vão permanecer onde estão: neste planeta. É provável que ninguém se dará conta desta realidade antes de serem acometidas por uma perda profunda, que lhes mostrará o terror do vazio e da solidão. Nesta hora, o individuo percebe que na verdade ele não era apenas um produto do capitalismo, que trocava sua energia vital por mercadorias, mas que sempre foi e sempre será, um ser humano que sente e sofre.

Nossas ocupações são o melhor remédio para evitarmos pensar nela. Elas desviam o nosso pensamento da imagem da cova. Fazem com que nossa mente use a ideologia social com justificativa. Assim, é muito mais fácil e seguro. Porém, independente do que façamos, um dia teremos de enfrentá-la. A morte virou um tabu, porque a sociedade capitalista não quer que você deixe de se importar com ela, com seus padrões, com seus sorrisos, suas imagens, suas promessas. Tudo mentira. Você pode lutar a vida toda para ser alguma coisa ou alguém, mentido para si mesmo e para os outros, mas o buraco será cavado igual, você aceitando ou não.

Temos medo da morte, porque tudo aquilo que amamos ficará aqui. Ter a consciência de que iremos morrer ainda na juventude pode ser muito bom: ela nos poupará de muitas ilusões. Que ela venha. Não tenho medo dela. Por quê? Porque não quero nada.

“Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte” (Freud)

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