Se engana quem pensa que a divulgação de tal notícia é sempre interesse do público. Também não é preciso ir muito longe para enxergar de que uma mínima classe controladora, elitista; seja a família Marinho no Rio de Janeiro com as Organizações Globo; a família Sirotsky no Rio Grande do Sul com o grupo RBS; ou a família Mesquita com a Folha de São Paulo, dá as cartas e define o que deve ser notícia. A mão saideira, aquela de distribui as cartas, se chama Agenda Setting.
Desenvolvida pelos pesquisadores Maxwell McCombs e Donald Shar, o Agenda Setting é a teoria que determina as pautas, os assuntos à opinião pública para destacar os temas dentro do meio em que mídia circula.
Quando usada em vista de interesses próprios, a Agenda Setting tem poder destrutivo. No livro A Síndrome da Antena Parabólica, o jornalista Bernardo Kucinski dá exemplos deste mal uso. Lembrar disso é fácil, foi no Brasil mesmo e não faz muito tempo.
Enquanto o líder do Partido dos Trabalhores, Luís Inácio Lula da Silva, de cabelo revirado e barba felpuda, avançava nas pesquisas para assumir a presidência, o autoentituloado Caçador de Marajás, Fernando Collor, esbanjava palavras de comprometimento dignas de um Super-herói queixudo. E sem desmanchar o cabelo.
Pertencente à classe elitista, Fernando Collor ganhou apoio da mídia; jornais, televisão e rádio; sendo ovacionado por sua ideologia de mudança. Teve um debate editado a seu favor, virou celebridade em capas jornais com panca de bom moço e, assim, teve nas urnas a reposta de sua aceitação pelo eleitorado nacional.
O final desta história você já conhece.
Prova de que diferentes focos e modos de divulgar uma notícia não terminam por aí. Entre casos como o de Collor, o da Escola Base em São Paulo que, nós, estudante de jornalismo conhecemos bem, e manchetes como ‘Nunca foi tão fácil escolher um presidente’, dão exemplos de que o interesse público nem sempre é o que a mídia mastiga e escarra.
Mas, evitar informações irresponsáveis não é tão difícil. Procure ler, ouvir e ver diferentes veículos de comunicação, afinal, cada um deles é dono de sua opinião própria. Já que assim pode ser, aproveite você também e pense por si próprio lembrando: por trás da maquiagem de um apresentador de jornal, está o interesse de venda da notícia, suas aculturações e uma pessoa como outra qualquer – uma pessoa como nós.
Ainda, se for cidadã, atrás de sua maquiagem estará a responsabilidade em saber que sua palavra pode ser a mesma de milhões de brasileiros após ouvida. Uma palavra capaz de dominar em massa e desconstruir pensamentos sociais.
Tiago Ribeiro
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