terça-feira, 9 de junho de 2009

TEORIA DA AÇÃO POLÍTICA

TEORIA AÇÃO POLÍTICA

Três autores se identificam bem com o tema: José Marques de Melo, Jorge Pedro de Souza e Mauro Wolf.

JOSÉ MARQUES DE MELO

Para Melo, o jornalismo político pode ser lembrado como a emergência do jornalismo político como categoria espacial/ocupacional, ou seja, território demarcado na morfologia dos jornais/revistas (impressos ou eletrônicos), ensejando rotinas produtivas específicas. Isso não constitui fenômeno generalizado no atlas do jornalismo
contemporâneo. Sua intensidade é maior em sociedades onde a democracia representativa ainda está em fase de sedimentação; residual ou nula nas democracias
consolidadas.

Melo recorre às páginas de jornais e revistas nas eleições de 2002 onde de modo geral, o tom das primeiras páginas era de franco engajamento eleitoral. Nas manchetes, o teor é praticamente neutro. Mesmo antes da contagem dos votos, as manchetes já davam conta da vitória de Lula. Para ele, o contraste com a década de 50 é nítido. Ilustra as enormes transformações por que passou a imprensa brasileira e, em especial, a cobertura política de lá pra cá.

O autor elogia a postura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e acredita que “poucos tem sido intelectuais capazes de discernir com argúcia e competência o impacto da mídia na sociedade brasileira”. FHC participou do Congresso Mundial de Ciências da Comunicação, em 1992, e impressionou a platéia pelo seu conhecimento sociológico e discernimento político adquirido durante sua caminhada como homem oposicionista.


JORGE PEDRO DE SOUZA

A sua ideia mais notória é a de que toda a notícia,ou seja, todo o enunciado jornalístico é um dispositivo que resulta da interação de várias forças, ou fatores, cada um deles com peso variável no resultado final:
1) Ação pessoal de jornalistas, fontes de informação e outros agentes;
2) Rotinas produtivas
3) Constrangimentos sociais organizacionais, como a hierarquia e o funcionamento da organização jornalística, a linha editorial, os recursos organizacionais e outros;
4) Constrangimentos sociais extra-organizacionais, como o mercado;
5) Ideologia(s) e cultura
6) História
7) Outras forças, como os limites e possibilidades dos dispositivos tecnológicos usados na elaboração da notícia. Abstratamente, essa ideia pode traduzir-se numa equação em que a notícia surge como o resultado (produto) da multiplicação (interação) de vários factores, cada um deles antecedido por uma variável que traduz, precisamente, o peso variável de cada um desses fatores no resultado "notícia".

De acordo com Souza, o primeiro modelo de jornalismo que nos surge na história é o Modelo Autoritário. Este paradigma perdura até o momento em países como Indonésia e Tailândia, tendo sido o modelo vigente em Portugal até ao 25 de Abril de 1974.
Como é evidente, os jornalistas ficam sujeitos à autoridade do estado, não existindo liberdade de imprensa.

MAURO WOLF

Wolf tornou-se um clássico, quer pela qualidade da pesquisa, quer pela amplitude, pois consegue oferecer um inteligente panorama das teorias da comunicação (e bem mais do que um panorama) sem, entretanto, cair no modelo de um manual, em geral muito mais técnico do que argumentativo.

O autor italiano não se furta de acompanhar cada teoria das principais críticas a ela atribuídas e os pontos em que deixou flancos para receber tais críticas. É o caso, por exemplo, das teorias que têm como foco a manipulação, a persuasão e a influência, e que o autor vai, habilmente, mostrando de que modo esses pressupostos não podem ser atingidos, até mostrar que a questão das diferenças individuais ainda não havia sido suficientemente em conta nesses primeiro modelos teóricos.

Para ele, os valores/notícia derivam de pressupostos implícitos ou de considerações relativas aos seguintes fatores:

a) às características substantivas das notícias: ao seu conteúdo;
b) à disponibilidade de material e aos critérios relativos ao produto informativo;
c) aos meios de comunicação;
d) ao público;
e) à concorrência.

Conforme esclarece Wolf, as pesquisas são unânimes em esclarecer que, na seleção, as referências implícitas ao grupo e aos colegas e ao sistema das fontes, predominam sobre as referências implícitas ao próprio público. A principal fonte de expectativas, orientações e valores profissionais não é o público, mas o grupo de referência constituído pelos colegas ou pelos superiores.

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