terça-feira, 2 de junho de 2009

Os fatos e a realidade

DIEGO RAMON VALLE VITAL

A vida é feito de fatos. O jornalismo, idem. O que os diferencia, no entanto, é a relação direta que cada um estabelece com os fatos. Enquanto na vida o dia-a-dia é construído pela sucessão de fatos (fazendo dessa forma com que pelo somatório de acontecimentos se desenrole a vivência cotidiana), o jornalismo tem uma relação pontual com os fatos cotidianos (relação esta que sofre a influência de um âmbito temporal distinto do real). Enquanto na vida os fatos acontecem em tempo real, no jornalismo, geralmente, os fatos são vistos após sua ocorrência, são vistos como quando observados por um olhar voltado para o passado.

Dessa forma, torna-se evidente que a abundância de fatos aos quais a vida está sujeita também incorre no âmbito do jornalismo. Assim, a quantidade de material “noticioso”, o montante de informações que estão pelo ar e que podem – e devem! – ser noticiadas obriga as redações jornalísticas a adotarem uma organização interna toda especial. Elas trabalham como se fossem empresas, divididas em diferentes departamentos, cada um com suas funções específicas e totalmente necessária para o bom funcionamento do processo de produção da notícia.

O newsmaking se preocupa em estudar justamente as práticas de rotina industrial adotada pelos veículos jornalísticos. Dentre as tarefas que recebem maior destaque em sua evidência, pode ser citadas a seleção dos fatos (para saber aquilo que, realmente, tem perfil de notícia), a definição da abordagem conferida a cada assunto tratado e a organização temporal e espacial de todos os trabalhadores envolvidos nesse processo.

De qualquer forma, a certeza que fica é a de que o nesmaking, antes de uma teoria, é uma esquematização prática das rotinas de produção e distribuição das notícias, quando aplicadas aos diferentes acontecimentos “noticiáveis” aos quais todos nós estamos sujeitos diariamente.

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