terça-feira, 14 de abril de 2009

Estrada de duas mãos

Comunicação efetiva é a que transita numa estrada de dois sentidos. O ser humano crítico atual não é mais tão subestimável como antigamente. As informações não chegam tal e qual idealizou o emissor. Elas sofrem ruídos durante a transmissão e apenas parte dela chega a seu destino final: o público.
A obsoleta suposição da escola americana de que o público é apenas uma esponja que absorve toda a informação despejada pelos meios de comunicação de massa é contestada por Jesús Martín-Barbero (1997, Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia). O autor acredita que sem interação o processo de comunicação não se completa e, portanto, não é eficaz.
O advento e a massificação da internet na década de 1990 como meio de comunicação trouxe novas perspectivas a essa relação emissor-receptor. Com essa nova mídia torna-se possível uma interação entre os dois personagens da comunicação.
No entanto, a internet torna-se também um revés à estrutura que prevê interação entre as duas pontas do cordão midiático. Na web, os receptores têm a alternativa de escolher o conteúdo que desejam captar, desarmando o emissor que, em outros meios, é o condutor irredutível da informação.
No modelo antigo, o receptor é apenas a estação final do trilho que a informação percorre. Barbero traz consigo a reformulação desse pensamento. Para ele, o receptor tem de ser um destino com retorno, com respostas às informações conduzidas até ele.
Para que tal fato possa se concretizar, o emissor precisa conhecer os agentes receptores. Precisa compreender seus anseios e necessidades. Caso contrário, a informação se perde no meio do trajeto.

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